Ao longo do primeiro semestre de 2025, rodovias, ferrovias, portos e aeroportos de todo o país apontaram o aumento na movimentação de cargas. De acordo com a nova edição do “Panorama Transportes”, publicada pelo Observatório Nacional de Transporte e Logística da Infra S.A., o transporte de cargas nas rodovias chegou a 42,5 milhões de m³ movimentados, crescimento de 7% em relação ao mesmo período de 2024.
A malha ferroviária exibiu um aumento de 0,1%, com o total de 252,7 milhões de toneladas movimentadas. Já o transporte aéreo de cargas pagas ultrapassou 700 milhões de quilos no mês de junho — um aumento de 1,5% — e os portos apresentaram uma crescente de 0,8%, sendo responsáveis por 483 milhões de toneladas transportadas.
Embora o crescimento na movimentação de cargas nos primeiros seis meses do ano, o número de acidentes fatais diminuiu dentro desses modais observados. Em rodovias, houve uma redução de 0,9% das fatalidades; no transporte aéreo, 28,6%; nas ferrovias, 25,4%; e no transporte aquaviário, a queda foi de 6,3%.
A presidente executiva do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região (SETCESP) e diretora da Confederação Nacional do Transporte (CNT) na Seção II do Transporte Rodoviário de Cargas, Ana Jarrouge, explicou esse crescimento. Para ela, uma das motivações ligadas à alta dessa movimentação se dá pelo aumento na oferta e procura por parte de diferentes setores que utilizam o TRC para manter o mercado abastecido.
A executiva explicou ser possível analisar que, gradualmente, segmentos que precisam de tempo para se restabelecer, estão ganhando fôlego e, assim, passaram a aquecer ainda mais as indústrias.
“O crescimento registrado no primeiro semestre reflete uma combinação de fatores. A retomada gradual da atividade econômica, o avanço de setores como combustíveis e agronegócio e o aumento da demanda por abastecimento urbano”, disse.
Ana pontuou que o modal rodoviário segue sendo a principal engrenagem da logística nacional e, por isso, qualquer movimentação na cadeia produtiva impacta diretamente no volume de cargas transportadas pelas nossas estradas. “No caso específico dos combustíveis e grãos, observamos uma dinâmica de produção e distribuição mais intensa, o que naturalmente ampliou a necessidade de transporte e a atuação das empresas do TRC.”
EXPECTATIVAS E DESAFIOS
Essa concepção de crescimento também está presente na visão de transportadores que mesmo de forma discreta percebem um resultado positivo. O setor também possui uma expectativa em relação a outubro, novembro e dezembro, que costuma ser um período de maior aquecimento, especialmente com as demandas de fim de ano.
Por isso, muitas empresas mantêm esperanças com o crescimento, puxado por setores como o varejo, a indústria e, novamente, o agronegócio em alguns corredores logísticos. “O que temos ouvido dos empresários e executivos é que, apesar do cenário ainda desafiador do ponto de vista econômico e regulatório, há uma percepção positiva em relação à atividade”, relatou Ana.
No entanto, mesmo que o volume operacional tenha aumentado, especialmente em setores estratégicos, a executiva salientou que esse crescimento nem sempre se converte em rentabilidade, principalmente por conta da alta dos custos fixos e variáveis.
“Combustível, folha de pagamento, manutenção e obrigações fiscais seguem pesando bastante. Ainda assim, o setor tem mostrado resiliência e capacidade de adaptação. O sentimento predominante é de otimismo cauteloso”, complementou.
Fonte: Mundo Logística



